Bush brinca com episódio de sapatos voadores em Bagdade
15 de Dezembro de 2008, 12:15
Depois de afirmar que foi um dos episódios mais "bizarros" da sua presidência, George W. Bush comentou com bom humor o momento em que teve de se desviar dos sapatos lançados na sua direcção por um jornalista iraquiano.
"Não sei o que o homem disse, só vi o sapato dele", brincou George W. Bush.
Os sapatos pertenciam a um jornalista de um canal de televisão iraquiano, Mountazer al-Zaidi, que interrompeu, brutalmente, uma entrevista à imprensa do presidente americano e do primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki.
"Foi o beijo do adeus, seu cão", gritou o jornalista, lançando os seus sapatos contra o presidente americano , antes de ser retirado à força pelos serviços de segurança iraquianos e americanos. Ele ainda gritou contra George W. Bush: "O senhor é responsável pela morte de milhares de iraquianos".
Bush baixou a cabeça e desviou-se do primeiro sapato, que atingiu as bandeiras americana e iraquiana colocadas atrás dos dois presidentes. O segundo sapato passou longe. As imagens do incidente deram volta ao mundo.
Na cultura árabe, ser chamado de "cão" é um grave insulto e os sapatos são um instrumento de desprezo. Em 2003, os iraquianos atacaram da mesma forma a estátua de Saddam Hussein: com sapatadas.
O episódio de domingo revela a hostilidade persistente contra George W. Bush mais de cinco anos depois da invasão do Iraque e do fim do regime de Saddam Hussein.
"Isto não me chateia. Se vocês quiserem factos concretos o sapato era de tamanho 10 (42 no sistema americano)", brincou George W. Bush, minimizando o ocorrido. "Não sei que causa ele defendia. Não me senti de forma alguma ameaçado", declarou.
O presidente americano deslocou-se, em seguida, para o Afeganistão e durante o voo afirmou aos jornalistas que o acompanhavam que o incidente lhe lembrou a cerimónia de recepção do presidente chinês, Hu Jintao, em frente à Casa Branca.
"Foi apenas um momento bizarro, mas já vivi outros momentos bizarros durante a minha presidência. Eu lembro-me quando Hu Jintao nos visitou. Ele estava a falar e, de repente, ouvi um barulho. Não tinha a mínima ideia do que estava a acontecer mas a mulher do Falungong gritava com toda a sua força. Foi um momento estranho", recordou.
George W. Bush chegou a Cabul na manhã de segunda-feira e, durante uma conferência de imprensa ao lado do seu colega Hamid Karzaï, os jornalistas presentes perguntavam: "Será que vamos ver mais alguns sapatos a voar aqui também"?.
Não foi o que aconteceu mas um jornalista afegão chegou a incentivar um dos seus colegas da televisão: "Por que é que não fazes isso agora. Vá, faz isso!". Mas nada aconteceu.
Enquanto isso, no Iraque, o canal de televisão Al-Bagdadia pediu às autoridades iraquianas que libertassem Mountazer al-Zaidi, "em nome da democracia e da liberdade de expressão que o novo regime e as autoridades americanas prometeram ao povo iraquiano".
SAPO/AFP
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