quinta-feira, 28 de maio de 2009

A culpa não morre solteira : É de Veloso

Do futebol à política, da política ao futebol: zangam-se as comadres, sabem-se as verdades. O tribunal do Aeroporto da Portela, por onde foram viajando os jogadores sul-americanos para os respectivos países, pronunciou-se sobre as razões que impediram o Sporting de conquistar o título. Azar à parte, o veredicto apontou para um culpado - Miguel Veloso. De Rochemback a Romagnoli, os jogadores deram a entender que o médio retirou estabilidade quando admitiu que queria sair. Será isso suficiente para abalar um plantel mais experiente do que nos últimos anos? Seguramente não. Mas é mais prático encontrar uma figura para culpar.

Miguel Veloso até foi capaz de superar um mandamento que já vitimou alguns jogadores nos últimos anos - a lei do assobio. Quando os lisboetas defrontaram o Leixões, em Matosinhos, os adeptos presentes não bateram palmas quando o esquerdino entrou. Preferiram vaiar. Tal como na partida seguinte, em Alvalade, diante da Naval. O médio tremeu mas acabou a temporada em crescendo, mostrando uma disponibilidade física que metade da equipa já não tinha. Custódio e Farnerud, outras vítimas das bancadas, saíram pela porta pequena. Veloso, tal como Nani, nem por isso.

Quando Rochemback - que entregou o internacional aos adeptos que fizeram uma espera à equipa na Academia após a goleada na Baviera - referiu "jogadores que falaram de mais" e Paulo Bento recordou "atletas que têm menos capacidade mental para reagirem a determinadas situações", o destinatário da mensagem foi claro.

Quebra O Sporting desperdiçou a oportunidade de ser campeão no virar da primeira para a segunda volta, altura em que perdeu sete dos nove pontos em disputa com Nacional, Trofense e Sp. Braga. Nessa fase, Veloso recuperava de lesão na coxa.

Depois, falhou um treino (1 de Fevereiro) quando percebeu que a transferência para o Bolton - e respectiva independência financeira, pois ia ganhar três vezes mais - não iria concretizar-se. E disse que não era protegido pelos responsáveis do clube antes da partida para Munique, onde o Sporting enfrentava uma difícil limpeza de imagem. Foram as últimas machadadas. Miguel alterou o penteado, mudou a cor do cabelo, pisou (e bem) nova posição no terreno, modificou a conduta no treino, voltou aos compromissos em bairros sociais desfavorecidos, adiou nova incursão nas passerelles e experimentou outro discurso para o exterior. Mas os sete remédios não curaram um único pecado mortal - manifestar vontade de sair.

Inevitável Soares Franco já sublinhou que o clube tem de vender jogadores no Verão. Miguel Veloso deve ser o primeiro. Espanha e sobretudo Inglaterra (com Bolton e Manchester City à cabeça) são destinos possíveis. Certo é que o valor da cláusula de rescisão (30 milhões) não será levado em conta - por metade, o internacional será cedido.

Neste momento, o esquerdino já estará de férias - ainda sem o amigo Yannick, que se encontra no estádio da selecção - mas mantém o futuro indefinido. A provável continuidade de Paulo Bento (com quem não tem a melhor relação) no comando da equipa e as recentes declarações de alguns companheiros vieram adensar o cenário de saída. Mas, primeiro, têm de chegar as ofertas. Que ainda não existem.

In Ioline

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